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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Opinião | Mundo Instantâneo

(Imagem/www.folhavitoria.com.br)

Assumo que nunca fui fã de celulares. A ideia de “escrever” por aquelas teclas miúdas me parece uma piada de mau gosto. Vingança de algum arqui-inimigo de Henri Mill (o inventor da máquina de escrever). Quiçá, um lunático com megalofobia. Mas o pior, em lhe dar com esse micro projeto apocalíptico, são as consequências traumatizantes.

Tem quem ache que o absurdo compense, sendo a mobilidade a melhor das justificativas. Sendo assim, penso que seria o mesmo que vender a própria casa a fim de comprar um bom carro. Dormir desconfortavelmente nele, mas ir para onde quiser. Voilá! Para o precipício, quem sabe. Um caminho sem volta!

E uma das principais consequências do uso excessivo dessa moda high-tech é o que chamarei, aqui, de “Mundo instantâneo”. Calma! Não é uma paranoia. É só algo pior. É nada mais que a busca por uma objetividade sem limites e o trauma pela prolixidade. E basta uma ligeira pesquisa com os adoradores da obra maldita, para confirmar o que digo.

A pergunta ideal seria: você costuma pensar bem, antes de “escrever” suas mensagens?  Ou quem sabe, com um pouco mais de ousadia: suas mensagens são ricas em detalhes, presando por uma boa estruturação dos parágrafos? Decerto que a pesquisa acabasse por comprometida, devido à baixa quantidade de entrevistados que escreveram mais de um parágrafo em seu poderoso celular.

Num futuro não muito distante, as pessoas serão tão “monossílabas” ou “palavristas” que a vida perderá sua graça (ou melhor, a mensagem perderá sua graça). Àqueles que realmente se importam, sugiro discutir o assunto com os que ainda esboçam salvação. Antes que mensagens deste tamanho terminem incineradas pela fogueira da “Santa (In)Utilidade” e o mundo se torne um vazio instantâneo.

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