A coisa mais difícil para mim é
permanecer imutável. Não consigo nem entender o significado de dogmas (que já
me vem a fadiga), pois mudo de opinião só de estudar o conceito. E por isso
sofro pela incompreensão dos outros. Todos parecem ter uma opinião formada sobre
política, religião e até sobre minha vida, enquanto eu vivo mudando sobre tudo. E isso inclui minha própria vida.
A pouco tempo fui taxado de vira-casaca,
por meus amigos, só por entender que o Internacional, ao invés do meu ex-time, Flamengo,
seja o melhor entre todos, devido à primeira colocação na tabela do
brasileirão. Já ano passado, consegui montar uma facção de injuriosos contra
minha pessoa, só por mudar várias vezes de posição política. Alternando entre os
trinta e dois partidos.
E não acaba por aí. Teve o dia em
que acabava de me confessar ao padre da igreja dos Calvários, quando me ocorreu
ser ateu. Ainda dentro do confessionário expliquei a ele toda a teoria de Darwin,
bem como alguns pensamentos de Stephen Hawking e de Richard Dawkins, para
fundamentar minha descrença em Deus. Nunca imaginei que houvessem seguranças
numa igreja, e muito menos que estivessem preparados para aquilo.
Minha vida profissional não é
imune à essa instabilidade de pensamento. Fiz cinco cursos e só consegui
terminar um (porque faltei quase todas as aulas). Em uma das desistências, o
professor do curso de matemática falava dos argumentos do matemático Pascal
sobre religião, quando me veio à cabeça a ideia de cursar Teologia. Deixando
todo o material na sala fui em busca do meu terceiro curso.
Hoje faço tratamento intensivo
para aprender a conviver com a mudança repentina de opinião. Meu psicólogo me
orienta a respeitar minhas mudanças, mas nunca ceder a elas. E é uma tarefa
difícil, pois para tudo todos têm sua própria opinião. Acabo sempre me sentindo
tentado a mudar. Não havendo lugar neste mundo que eu esteja a salvo da minha
própria inconstância. A começar por minha terceira mulher Jane, que já não
suporto mais.
Kkkkkkk que loucura. Ainda bem que eu te conheço
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