(Imagem/www.feemjesus.com.br)
São oito e meia da manhã e acabo
de acordar. Ainda atordoado pela longa noite de sono, faço o possível para
manter os olhos bem abertos, mesmo que direcionados para lugar nenhum. Como um
processo automático, tento relembrar o que sonhei. Afinal, o que sonhei? Rapidamente
me vem à mente, imagens quebradas de momentos indefiníveis. É nessa hora que
sinto um frio atingir meu corpo ainda adormecido.
Dane-se os sonhos, o que terá sido esse frio? Olho para a janela, buscando uma resposta, e uma onda de pânico me paralisa. Vejo o cenário perfeito para um filme de terror. Uma paisagem desconhecida e acinzentada surge depois da janela. O que terá acontecido, não me lembro de haver saído ontem para dormir fora. Busco, agora, na mente, não os sonhos que outrora sonhei, mas os últimos instantes acordados de onde estive. Depois de um longo esforço conjecturo uma única possibilidade: fui sequestrado.
Definitivamente o medo já
consumiu até minha alma e é tarde para tentar socorro. Com o corpo paralisado
fica impossível investigar o local do crime. Procurar por provas ou até uma
saída. Se bem que, a reflexão, talvez, seja a única saída. Analiso os fatos com
tudo que sei sobre o local e as circunstância. Chego à triste conclusão de que
os sonhos são provas inconclusivas, impossíveis de serem utilizados para encontrar
a verdade (digo, realidade).
No dia anterior, ao suposto
crime, lembro que estava na casa dos meus pais, lugar inesquecível pelo forte calor.
O sequestro deve ter acontecido por volta das duas horas da madrugada. Horário que
meu sono atinge a inconsciência mais profunda. Talvez nem tenha sido necessário
algum sedativo. Fui trazido para este local frio, quem sabe em outro país, do
jeito que estava, para, depois, ser objeto de uma negociação.
Passados alguns minutos e já
conformado com a infeliz situação, começo a movimentar meus olhos dentro do
suposto cárcere. Até perceber que hoje, no nordeste, o dia amanheceu frio e nublado.
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