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terça-feira, 5 de agosto de 2014

Na sombra da árvore

(Imagem: cassialimaretou.zip.net)

Em algum lugar do planeta, estava um homem de aparência abatida. O sol, naquele local, queimava tudo que se mantinha inerte no caminho; areia, pedras, asfalto; tudo que resistia ao menor movimento de uma brisa. O indivíduo contemplava esse percurso natural e inevitável das coisas do único lugar capaz de permitir a existência da matéria viva: na sombra da árvore. 

Em baixo das folhas, não havia a incidência da luz abrasadora do sol. O vento, como que por piedade, soprava os galhos, impedindo a incineração instantânea da árvore e de tudo que ela cobria. A sombra, ali, era o único refúgio de vida. Mesmo protegido, ainda era possível sentir na pele, através de leves baforadas de vento quente - trazidas pelo movimento das máquinas - o poder inquisidor do sol.   

Com um olhar firme no horizonte, à espera de sua salvação, o homem permanecia calado e reflexivo. Pensara em lançar-se fora da proteção da sombra, para que, assim, o calor o devorasse de uma vez por toda, pois acreditava que as brisas ardentes o torturavam muito mais que o perecimento imediato diante do sol. Quando sua última esperança já estava preste a se transformar numa centelha, ele avistou, entre o vapor mortífero do ar, o sinal da salvação: seu ônibus estava chegando.  

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