(Imagem/www.americanas.com.br)
Os relacionamentos estão sempre se modificando no tempo e no espaço. Não faz muito tempo que a expressão “adeus” era comumente empregada nas despedidas. Se Toinha se encontrasse com o Joaquim [repare que até os nomes próprios sofreram alterações, pois não se utilizam mais esses em lugar nenhum do mundo] podiam conversar sobre o que fosse: a comida do vizinho, a festa do final de ano, o doido do Chico; teriam sempre que se despedir com um “adeus”. Uma espécie de rito. Hoje? Hoje, essas expressões ainda são utilizadas normalmente, só que, agora, em velórios. Se a Toinha de hoje, se despedisse assim, o seu Joaquim ela nunca mais veria.
Dizer: eu te amo, atualmente, já
não é mais a mesma coisa. Primeiro que o “eu”, por motivos de conveniência, em
um mundo cada vez mais veloz e globalizado, perdeu sua força e relevância. Agora,
o certo é: te amo. Isso, claro, tirando as inúmeras abreviações que ganhou:
Tamo, T <3, Amo. Tudo em nome da brevidade. Lembra da Toinha? Se ela vivesse
hoje, jamais se adaptaria, pois seria severamente advertida por Joaquim, ou coisa pior, quando
ouvisse dela ao se despedir: Joaquim, te amo. Adeus! De raiva, devolveria: Oh!
Infeliz, tu quer a minha morte, é? Diga logo!
O futuro do eu te amo é
completamente incerto. As consequências advindas do seu uso provocarão inúmeras
separações, se é que ainda irão existir uniões. O marido, pego em flagrante
traição, falará: Não faça isso, meu amor. Te amo! E o eu te amo deixará de ser “de
amor” para ser “de piedade”. O Eu te amo e a paulada, uma antiguidade misturada. Dessa
forma, o eu te amo seguirá um ciclo sem fim de misturas entre novas e antigas
palavras. Logo, o novo eu te amo será o antigo: Aprua. (Sem o “te te”, em nome da concisão textual e verbal.)
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