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Num certo vilarejo, perto de
algum lugar, vivia um homem que ganhava a vida escrevendo sobre coisas e locais
que nunca havia visto. Era mais conhecido como “O Criador”, já que tudo que
escrevia era inteiramente desconhecido por ele e por todos. Mas o que ninguém
sabia (além de tudo que ele escrevia) era que criar, para ele, poderia ser tão
desesperador quanto arremessar-se da mais extravagante das pontes.
O criador sentia-se totalmente
responsável por aquilo que escrevia. Imaginava que escrever sobre as coisas
desconhecidas, de alguma forma, daria vida a elas em algum lugar. Vivia sob a terrível
incerteza do futuro. Se o que quer que começasse a escrever terminaria como
obra-prima ou apenas um rascunho que nunca teria um fim. E é por isso que sentia
mais culpa do que felicidade nos eventos de exposições de suas novas obras.
Sempre ficava refletindo sobre o número de assassinatos
ou a ilusão que vendia aos seus personagens ao prometer papéis importantes nas obras, mas que, em algum momento, acabava por desistir. Sendo esse, o principal motivo por
sempre abrir dedicatórias estupidamente extensas no início de cada história. E só
por precaução guardava tudo que escrevia. Cada erro, rabisco e rascunho - de cada sentença mortal. Assim,
ninguém saberia da dor que O Criador cria antes de criar.
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