Esta
é uma belíssima biografia que conta um pouco da história de um homem com uma teoria que mudou o mundo para sempre. A autora
Janet Browne faz um breve relato do mundo do século XIX, antes e após a
descoberta que tornou Darwin um ícone global, pertencente, numa observação maniqueísta,
ao reino do bem e do mal - santo e pecador.
Antes de chegar ao auge, a autora lembra que Darwin ainda demorou muito tempo aperfeiçoando e criando coragem para publicar a obra, pois temia os impactos que suas ideias causariam numa sociedade profundamente influenciada pelos dogmas religiosos. É quase certo dizer que se, talvez, houvesse nascido cem anos antes, provavelmente, o máximo que alcançaria seria o altar de uma Santa Inquisição, sendo um honrado espeto de herege.
Foi, definitivamente, a concorrência
que estimulou Darwin a sentir-se finalmente pronto. Wallace, que havia
conseguido chegar ao mesmo resultado (só que com algumas poucas diferenças),
parecia ingênuo demais para perceber as consequências de uma descoberta daquela
magnitude, não tendo, pois, receio algum de publica-la. Mas, Darwin
antecipou-se e deu partida à uma das maiores rivalidades entre ciência e religião.
Foi o estopim!
Como foi exaustivamente narrado
pela autora, a Origem das Espécies forneceu subsídios para discussões em todos
os campos da ciência: psicologia, sociologia, biologia, cosmologia, política.
Em todos os cantos, viam-se pessoas discutindo a Seleção Natural e a Evolução, mas
mais apaixonadamente em igrejas. O modelo criacionista difundido pela igreja
estava, indubitavelmente, em risco. Era o começo de uma grande transformação.
Por esse motivo, Janet concede um
razoável número de páginas para os conflitos ideológicos que se instauraram
dentro e fora das igrejas. Relembra a expressão cunhada em Darwin, de que havia, de forma definitiva, assassinado Deus. Embora nunca tivesse confessado qualquer tendência
ao ateísmo, o evolucionista foi amplamente criticado por suas ideias
revolucionárias. Foi considerado, por muitos, inimigo da igreja, mas posteriormente, por ironia, sepultado na Abadia de Westminster.
É preciso lembrar que, ainda hoje o debate Evolucionistas X Criacionistas persiste. Constantemente são lançados, em
congressos pelo mundo todo, projetos de leis que defendem o ensino desta ou
daquela teoria. A primeira, calcada em explicações científicas de Darwin e seus
sucessores, aperfeiçoadores do modelo; e a segunda, sob o manto da liberdade
religiosa e liberdade de consciência, têm a bíblia como a principal
evidência comprobatória.
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